CÉU AZUL

Impressões de viagens, alquimia de verbos, tempo quando sobra e dá vontade. Casamento de sonho com vigília. Corpo de ser vagando pela dimensão das palavras.

Thursday, December 27, 2007

FELICIDADE 25

Não bastaram os presentes
vorazmente consumidos com décimos terceiros
atrasados, empilhados
aos pés da árvore-símbolo
de algo que almeja Céu
(no sentido Heaven mesmo)
e que também possui luzes, estrelas. Não bastaram
as reuniões familiares
- obrigatórias -
como se na Roda
pudéssemos sempre nos atualizar
das mentiras e verdades
de nossos gens.
Tudo virou superlativo.
O que era feliz virou felicíssimo,
virou ótimo, otimíssimo,
como se felicidade também pudesse
virar presente.

Não que não possa. Pode.

Mas é estranho toda essa "comunhão",
toda essa vontade de coletivizar,
num mundo que é puro narcisismo.

Os superlativos me parecem um sintoma
necessário
para que as arestas se igualem: deseja-se
a felicidade para o outro
cada vez maior, maior
que a do ano passado,
já que "felicidade não se compra".

É na razão das intensidades superlativas
destinadas ao outro
que o individualismo se trai.

E para isso destinamos uma noite, um dia.

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