FELICIDADE 25
Não bastaram os presentes
vorazmente consumidos com décimos terceiros
atrasados, empilhados
aos pés da árvore-símbolo
de algo que almeja Céu
(no sentido Heaven mesmo)
e que também possui luzes, estrelas. Não bastaram
as reuniões familiares
- obrigatórias -
como se na Roda
pudéssemos sempre nos atualizar
das mentiras e verdades
de nossos gens.
Tudo virou superlativo.
O que era feliz virou felicíssimo,
virou ótimo, otimíssimo,
como se felicidade também pudesse
virar presente.
Não que não possa. Pode.
Mas é estranho toda essa "comunhão",
toda essa vontade de coletivizar,
num mundo que é puro narcisismo.
Os superlativos me parecem um sintoma
necessário
para que as arestas se igualem: deseja-se
a felicidade para o outro
cada vez maior, maior
que a do ano passado,
já que "felicidade não se compra".
É na razão das intensidades superlativas
destinadas ao outro
que o individualismo se trai.
E para isso destinamos uma noite, um dia.
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