CÉU AZUL

Impressões de viagens, alquimia de verbos, tempo quando sobra e dá vontade. Casamento de sonho com vigília. Corpo de ser vagando pela dimensão das palavras.

Tuesday, August 14, 2007

corta-palavra

zapperHacker
emesseênico
wikipédico
googlejunkie

Monday, August 13, 2007

não house

Sem ritmo,
no que a leitura ótica do aparelho
escorrega pra dentro
da história recente.
Desconfiança industrial,
green-space,
campos de cor verde amarelando, amarelando,
que amarelou
de vez.

penugem fluffy,
semente voadora,
ave reclamona noturna e marítima,
solidão de igreja,
encosta tua cabecinha
no meu ombro,
e paga a conta.

Pega o bonde andando
e sobe a providência
que já terá marcado em lista negra.

Desconfia de tudo que não é considerado santo.
E para eles, os dias
específicos.
E as honras matinais tapadas
com lencinhos de linho
branco.

Terá sido,
mas muito antigamente.

Mineralizado,
fibrilado,
latente,
vital coberto de nuvens
exageradas,
desarmonizado,
pio de coruja avisando,
veneno de príncipe,
lugar nenhum,
hora nenhuma,
acrilírico,
não conceitual,
desperdiçado,
angular,
quebradiço,
corrida de submarino,
Marte ataca,
espeto de pau,
e não Genet.

Limbe

Tomou chá de sumiço
pois o gostinho era bom
e dava barato.
Foi pro espaço
siderado,
caindo
pelas tabelas
& tabernas,
riscando o firmamento em festa:
estrela
musical
efêmera.

Comprou uma camiseta de caveira,
já que fumava.

Pareceu uma gelatina tremendo.
Isolou-se feito ilha
de ressaca.

A noite não queria acabar,
era preciso acordar,
desamarrar do amor amarrado
tão firme,
tão forte,
tão fracamente decidido
que

resolveu voar.

Corporate Wife

Tanto investimento em uma vida
certinha,
pra ser completo como um novo carro,
melhor que o velho vizinho,
igualzinho a
papai & mamãe.

Será admirado, invejado até.
Subirá posições incríveis até o topo,
poderoso de tudo,
ocupado, confiante,
possuidor, realizador,
hiperconsumidor,
e reproduzirá
em tempo hábil
de garantir o reumatismo
quando este ameaçar.

Ela permanecerá calada, fingindo,
e todos fingirão
e não tocarão no assunto,
exceto naquela única noite
assassinada.

Do exterior chegará um cartão,
ou um email mais prático
e sem impressão
digital.

E quando estiver viajando
talvez lembre
de esquecer
daquela noite aos 17 anos.

Friday, August 03, 2007

A DIMENSÃO DA MÚSICA

ANTES DA DIMENSÃO DA PALAVRA EXISTE A DIMENSÃO DA MÚSICA,
onde as sensações não são traduzidas.

Só a música possui real capacidade de expressão.

Carmen Mayrink& Mendiga

a GranDama desceu de seu carro toda enferrujada,
ou mais que isso,
que nem nenhum rosário em cinquenta mil tardes,
nem chás de água do mar,
com as velhas amigas,
talvez apenas a velha empregada mal paga de sempre,
mas sempre
com seu sáfari cáqui,
e foulard. Como se Paris
durasse pra sempre.

Corta rápido
para (em oposição)
a análise minuciosa e instântanea
de uma mendiga esquizo,
em sobreposições
que nem Comme Des Garçons.
Maluca, louca,
e rápida com o pescoço,
como sempre.
sem noção e moderna
como sempre...

mulheres de Ipanema

Houve uma vez uma república, dita independente.
Se não era Saara,
no entanto haviam dunas e barato.
Lá pousou um circo,
muito antes do Soleil.
O nove no Sol,
templo topless,
quando não haviam espelhos,
nem apitaços.

Hoje tingiram tudo.
Depilaram a praia.

Ipanema é madame grossa, latina
deseducada
em campanhas e mais campanhas de bancos
de nomes como PERSONALITÉ.
Ipanema é garota que casou com homem rico,
passou 20 anos fazendo dieta,
e agora está temporariamente condenada ao Brasil.


Em Ipanema todas elas são loiras,
porque loiro é cor de rica,
desses loiros com luzes,
loiro argentino,
com franjinhas picadinhas a la Miami,
e jeans justinhos...
Elas descem de seus Pajeros bem em frente
de onde quer que seja.

As mulheres de Ipanema não podem esperar.

Elas empurram.