breguice enraizada
Nós, "Os Normais",
somos tão estudadinhos, tão
confiantes nas nossas pequenas-grandes erudições, nós,
"Os Diferentes" por natureza
e por talvez mais quilometragem de linhas lidas rapidamente, nós
que não damos conta
nunca
do recado
abafado
nos megafones da feiúra mísera, da piada mais sem graça,
do que se pretende popular-cafona,
e que,
noves fora,
é apenas cafona mesmo.
Não é caso de citar teses de "high and low",
ou estudar o kitsch magistralmente,
como já foi feito com casas do subúrbio,
arquitetura de motéis,
placas de beira de estrada,
ou coisas parecidas.
Não é mais uma breguice almodovariana,
breguice-Movida,
que, quando reconhecemos em nós,
até pode nos encher de um orgulho multicolorido.
É o verdadeiro horror, o horror !
apocalíptico,
uma substituição virótica
dos orgulhos infinitamente ignorantes,
nova idade das Trevas,
pontuada pela piscante luz azul
dos aparelhinhos de tv
ligados nas violentações domésticas diárias.
O brega-invasor-de-corpos,
que veio pra ficar,
que modificou os dnas,
e com o qual não será fácil resistir.
O brega que não é questão de gosto,
mas de saúde.