CÉU AZUL

Impressões de viagens, alquimia de verbos, tempo quando sobra e dá vontade. Casamento de sonho com vigília. Corpo de ser vagando pela dimensão das palavras.

Thursday, February 28, 2008

simplicitê

nada como uma boa hora pura de sono,

sem nervos encrespados

nem coração acelerado,

apenas eu mesmo sendo meu dono.

Relíquias

da tua leitura aqui nesse momento
guardarei uma pestana
no meu peito
para que me dês
SORTE.

último corpo

que se gasta sabiamente,
acendendo
em comemorações,
centelhas de aprendizado urgente.



amadurecimento
forçado
de uma banana verde.

clássico

dança digital
nas teclas impossíveis
do som
eterno.

estudiosos tremeram,
calejaram,
a Arte da Fuga
não é tão simples assim.

Piano percussivo, tocado
furiosamente.

Desarmonias.

Sons celestiais,
na medida
do impossível.

GEOTAG

Estar
no lugar certo
a qualquer momento.
Monitorado
por satélites
acompanhantes
de olho nas coisas
que não se precisa mostrar. Mas olham
mesmo assim.

GPS, equipamentos
pra nunca mais se perder
de vista.

Onde ? Where ?
Aqui
onde
me escondo,

armando um vôo solo
bem detalhadinho,

aqui,

sob a carapuça
que me cabe,
e os pecados
que eu pago para outro
homem.

Coordenadas x y z
muito bem definidas,
advérbios
de lugar.

Onde ? Where ?

Nenhuma rua mais
deixará de ter um nome.

Thursday, February 07, 2008

Carnaval 2008

Previram chuvas e elas vieram, mas não esfriaram em nada a vontade de sair, de brincar, dançar e ver o mundo colorido. Esse é o espírito. Carnaval no Rio tem dessas coisas. Agora melhorou, ao menos foram vários blocos e a adesão maciça da juventude dourada, afim de azaração talvez, mas disposta a encarar suas fantasias. Virou moda de novo.
Quem ficou em casa perdeu. Carnaval não se presta a travesseiro ou almofadinhas, muito menos à exibição viciada de "musas" ou "celebridades" na tv. A festa só tem graça se anônima.
Deve ser culpa da Lapa esse ressurgimento, pois há anos eu não via tanta diversidade na Rio Branco, local onde o verdadeiro carnaval acontece, com seu mix criativo oscilando entre a alegria simples da bateria do Cacique de Ramos ao tamborzão funk do Créu ou das Popozudas "de sainha"... Esticando um pouco mais, ainda tem os últimos brilhos da glória dos carnavais passados, nos bailes da Cinelândia.

Mas voltando à Rio Branco...
É a avenida por excelência, o nosso Centro. Durante o ano todo, passando por ali, rápidos executivos, secretárias de batom, jornaleiros abertos às pornografias da imprensa, camelôs da pirataria informática agitando seus mostruários-bandeira fugindo da Guarda Municipal.
Já no Carnaval, entre os passantes, 2 pretos velhos de umbanda, um Batman barbudo, nossos parangolés, um russo Dostoiévsky puxando um carrinho de cerveja, algumas Minnies, um gorila, muitos rapazes de mini saia, alguns médicos, um grande pássaro com imensas asas negras, uma pantera selvagem, uma mulher-táxi, Peter Pan, Michael Jackson, Doges de Veneza, índios, bate-bolas com suas roupas em homenagem à Turma da Mônica ou à Penélope Charmosa... Apitos, bagunças, cervejas (muitas cervejas), serpentinas... O bom é que apesar de tudo isso, a Rio Branco ainda é como se fosse um segredo bem guardado...
Ipanema nunca mais... chega de drags e barbies, chega de arrastão, de carão...
Lapa ficou cheia, mas não me apetece o tipo de burburinho underground de lá. Sou mais pegar metrô, saltar na Central, passar no Baixo Elite ( contanto que não haja spray de pimenta, como na noite de segunda ), ir seguindo por dentro cruzando com gente que acabou de desfilar, descer a rua dO Globo até chegar no Baixo Terreirão. Por que lá estão os angolanos e o Kuduro que eles dançam muito melhor que qualquer Pina Bausch.

Esse ano, com a chuva, muita lama...
Não estava muito inspirador, o povo meio recolhido, mas quem sabe, sabe, e não perde por nada desse mundo.

São Sérgio e São Baco