minicontos de Natal
Clara me traz um desenho feito por ela mesma,
com dedicatória,
uma colagem com durex verde e pompons
de papel colorido, uma grande
árvore de Natal.
Miguel tem que sair do Tíbia e escovar os dentes
que nem sei quando. Depois
ele vem me mostrar os dentes,
agora brancos.
Victor Hugo olha para o livro
do Tim Burton
e algo me diz que ele vai gostar
de um livro de poemas esquisitos.
Rody liga no meio do arroz
sem decidir a música do desfile.
Marizinha chama o arroz preto de brigadeiro,
o feijão branco de beijinho doce
e a farofa amarela de quindão.
Tina faz um carinho na minha cabeça.
Adriana faz diversas variações com a palavra ENCANTO
num jogo ao computador.
Luiz Vitor deixa um recado na secretária
e logo será respondido.
Otto liga pra dizer que está em Salvador e ontem
tomou um porre com a esposa. Mas Otto
também está procurando gás na Amazônia,
morando numa balsa
onde helicópteros descem e é proibido
nadar. Botos cor de rosa
e grandes peixes (também
ariranhas) passam por debaixo da balsa.
Leoni fala de Sicília, de Éfeso,
de Sócrates e Xenofonte. Poderia ter ligado
para o Chefe Gracie, mas achou melhor não.
Leoni gosta de Chaplin e Da Vinci.
Fotografar o sol entre a amendoeira à esquerda
do Corcovado parece mágico,
dourado, mesmo
pisando no cocô (dá sorte,
dizem). Limpo na areia fina,
enquanto encontro a palavra "SEU"
trazida pelo mar calmo.
Vou fotografando.
Até encontrar o Jesus nos azulejos, e, amigos,
a vontade de ligar para Marcelo.
Vou e volto pela Portugal,
e na frente da mesma igreja,
quem encontro ?
O Marcelo !
que até senta com a esposa, o filho, o cachorro
para conversarmos.
2 abraços, 2 toques em seu plexo solar.
Em casa, a cama
acompanhado do marido.